sábado, 26 de fevereiro de 2011

QUEM FOI O DIABO (PARTE I)

               
QUEM FOI O DIABO (PARTE I)

         Baseado no texto inspirado por Deus a Ezequiel em meados de 586 a. C. durante o cativeiro hebreu na Babilônia,  podemos ter uma noção básica de quem foi essa criatura antes que a queda ocorresse.
        
         Seu nome original foi Lúcifer – Anjo de Luz – e nas das muitas hierarquias destinadas às hostes celestiais, ele estava dentre os querubins. Seres criados especialmente para estar – ou representar – a glória de Deus. Possuem quatro asas, duas que cobrem seus corpos e duas que cobrem o ambiente onde estão. Sua função específica era de querubim da guarda, ungido como um ser de grande sabedoria e beleza. As escrituras sagradas dizem que não havia nada mais belo, considerado “o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura.[1]
        
        Tamanho portento possuía vestes especiais, adornadas por pedras preciosas “criadas especialmente para ele no dia de sua criação.” [2] A Bíblia ainda diz que Lúcifer estava continuamente no “monte santo”, e que no brilho de suas pedras andava. No Reino para o qual foi criado possuía certa autonomia, tinha funções específicas a exercer, era perfeito e respeitado.

Mas um dia tudo mudou, seu coração se encheu de orgulho e declarou: Eu sou Deus, sentarei sobre Seu trono e serei igual a Ele. A vaidade, formosura e esplendor corromperam a sabedoria que possuía[3], tornando-o orgulhoso e rebelde ao seu Criador.

Algumas teorias apontam para o Big Bang – o ponto inicial de criação do universo que conhecemos – como o momento em que o querubim mais precioso de todo o Reinado foi expulso da presença de Deus, causando um cisma, dividindo o “TODO” em dimensões e céus distintos.

Mesmo criaturas, os anjos possuem livre arbítrio e podem decidir por si o que e a quem seguir. Justamente por este fato Satanás ao ser banido, levou consigo um terço dos exércitos celestiais, provando que tinha semeado a mesma semente de rebelião em seus corações. Por vontade própria, eles “abandonaram sua própria habitação e não guardaram seu principado” [4], seduzidos pela promessa de algo maior e melhor que seu líder lhes incutiu.

Surge então a seguinte questão: Se ouvimos dizer que Deus é perdão, por que Ele não perdoa a Lúcifer?

Seres celestiais não são humanos, eles foram criados para obedecer a ordens e possuem funções específicas. Executam a vontade de Deus em quaisquer esferas, sejam elas espirituais ou físicas. O livre arbítrio é dom de todas as criaturas divinas, mas a obediência é a principal condição para se permanecer na presença do Altíssimo. Neste caso especificamente, não existe a possibilidade de arrependimento, logo o perdão é impraticável. Para estarmos diante de Deus – o Deus altíssimo – precisamos estar livres de qualquer sombra de pecado, puros como o ouro refinado, ou padecemos instantaneamente[5]. A morte neste caso vai além da questão física, engloba a ausência permanente da presença do Pai. E essa foi a opção feita pelo principal inimigo divino.

Ao banir a Lúcifer, Deus estava tomando a única atitude que não contrariava Sua perfeição. Não se alegrou, mas fez o que era necessário, mesmo sabendo – já que a Onisciência é parte de sua natureza – que todo o processo de criação do homem estaria comprometido.

Satanás por sua vez, sabendo dos planos divinos de criar seres semelhantes a Ele, passou a habitar no local escolhido e, esperando pacientemente, desenvolveu todo um plano para frustrar todo o processo criacionista humano.

Chegamos então ao princípio de todas as coisas, a gênese humana, onde “a terra era sem forma e vazia e onde havia trevas sobre a face do abismo.” [6] Neste texto percebemos que Lúcifer já estava sobre a terra quando Deus iniciou a criação das condições necessárias para receber os descendentes daqueles que seriam chamados Seus filhos. E nas palavras seguintes percebemos inclusive certo pesar por parte do Senhor ao lermos que “o Espírito de Deus movia-se sobre a face das águas,” e num momento é dito: “Haja Luz, e vendo que era bom, fez separação entre luz e trevas.” [7]

Os planos de Deus tomaram forma física. A terra passou a ser “ornamentada” para receber o homem. Por outro lado, toda a essência benigna de Lúcifer deixou de existir, e aquilo que o isolou da presença de Deus passou a ser o combustível para que ele e seus anjos pudessem frustrar, aniquilar e matar o ser humano, considerado a coroa da criação.



[1] Ezequiel 28:12 – Sinete  neste contexto era o carimbo ou assinatura sobre uma pedra precisa que adornava o peito do Sumo Sacerdote, em sinal de grande honra.
[2] Ezequiel 28:13
[3] Ezequiel 28:2, 4 e 17
[4] Judas 1:6
[5]Ezequiel 1:26-28
[6] Gênesis 1:2
[7] Gênesis 1:3-4

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